20.3.09

Não ligo ao sopro do vento agora.
Não me faz diferença no que começa por ser um enorme monte de areia por escolher, onde existem pedras, pedregulhos, brita, pedrinhas pequenas, grãos de areia e pó. O olhar é constantemente iludido pelo volume que aparenta ter. É muita areia, são muitos grãos e eu tenho muito portanto. A areia fina ocupa os espaços vazios entre os grandes e os maiores enquanto permanecem deitadas imóveis esperando pela ainda não chegada peneira que irá separar tudo aquilo. Tudo aparenta estar junto e controlado.
As ampulhetas estão vazias, os relógios de areia estão todos virados com areia parada no fundo.
Tenho tempo, penso, tenho muito tempo.
Não ligo.
Vou usando primeiro as pedras maiores que me fazem bem mais proveito. As pedras grandes rendem mais.
Uso e abuso das pedras grandes e reparo que a areia fina esta lá toda ainda. Nem noto diferença na dimensão do monte de areia que parece que se mantém igual. Na realidade até acho giro estar a retirar as pedras maiores e ver traços e riscos que os remoinhos de areia fina e o pequeno furinho que fica no centro quando está a ocupar o lugar da outra.
Acho giro e por isso vou retirando mais uma pedra.
Reparo agora que as pedras maiores já são difíceis de encontrar.
As pedras maiores são agora mais pequenas que me levam a tirar duas e com as quais faço metade do que fazia com “as outras”.
Curiosamente começo agora a notar que o enorme monte de areia está como as pedras grandes. Ambos são mais pequenos.
A areia agora está mais baixa e contra a minha vontade começa a ser levada pelo vento que as espalha e não me deixa simplesmente amontoar estes grãos.
Este é o mesmo vento que anteriormente não me fazia qualquer diferença quando apenas levava o pó de areia do chão. Agora não. Agora esconde-a em locais onde não consigo ver, não a consigo recuperar nem varrer de volta para o monte.
Se ao menos tivesse usado a peneira para separar o tempo dos intervalos não estaria agora a varrer o chão para recuperar o tempo que perdi.
Culpo o vento ou culpo-me a mim?

19.3.09

Sim...ou não.

Fico, vou, quando, se ficar, ficas, vais comigo.
Vou? Agora, depois, mais tarde, esta tarde, amanha.
Saio, agora, quero ficar, quero ir, quero ficar, não vou, não fico.
Permaneço então, onde, porque, porquê.
Estou seguro, onde me seguram, ali, não aqui, não, acolá.
Farto, vou fartar, vou-me fartar, rir, saltar, chorar, corar, bronze.
Tempo, tenho, onde, lá, aqui, o quê?
Dinheiro? Tempo para ganhar, sem tempo para perder, perder, não, agora.
Agora? Não.
Depois? Não!
Quando, onde, para quê, quem, onde.
Esconder.
De mim, de ti, dele, dela, deles, todos, ninguém!
Chega, vou, FUI!

Eu e o gordo

No âmbito de uma disciplina de mestrado foi-me proposto um pequeno (?!) ensaio (10 a 15 paginas) onde iria indicar a importância de um Planeamento estratégico numa organização.
Como diz o "outro":

Ora, de muita coisa que se escreveu para agradar o “gordo”, também muita coisa ficou por escrever.

A pesquisar a internet encontrei uma definição de planeamento bastante interessante:
"Um bom planeamento ajuda a gastar o seu tempo de forma mais útil."


Ou seja, planeamento não é mais do que um nome catita e pomposo para dissimular um outro que se identifica na gíria como “quociente de cagaço” (de agora em diante identificado como “QaGai”) e que comummente se reconhece de imediato como uma pedra, um pau, um livro ou um ferro.
O QaGai é extremamente utilizado nas mais diversas áreas da indústria mundial mas, a maneira mais simples do o explicar é através de exemplos práticos.
Para não me demorar muito cá vai um:

Travar um carro com deficiências de travão de mão.
Em parqueamento nivelado, o dono sabe que o travão tem segurança suficiente para manter o veiculo imóvel, mas quando se trata de travar o carro num local inclinado, este mesmo dono utiliza o QaGai como segurança, o que neste caso poderá ser uma pedra atrás da roda para o carrito não desandar pela ladeira abaixo e dessa forma aumentar o orçamento.

Ta explicado.